Cultura e Saúde





Por Celio Turino
imagem: Ponto de Cultura geração livre

O menino e a menina

“Era uma vez um menino que gostava muito de sorrir.
Um dia a doutora disse que ele não podia mais sorrir e deu um remédio, que ele ficou triste demais.
Ele passou muitos dias e muitas noites sem sorrir e nem conseguia sonhar, era só choro e pesadelo. Era só tristeza.
Até que outro dia, uma menina tirou uma foto dele e quando ele viu aquela cara triste na foto, ficou apavorado e prometeu que agora ia sorrir.
Todo dia que a menina olhava para ele e mostrava a foto, ele lembrava que devia sorrir e sorriu tanto para ela que foi ficando feliz.
Ele se acostumou e toda vez que pensa nela, pode até estar triste, que ele fica feliz de novo. Ele gosta muito da menina”.
(Gilmar, 5 anos, história contada em um hospital)

Cultura e Saúde é a menina tirar uma foto e fazer o menino feliz. Pode ser em um hospital, também pode ser em um terreiro. O conhecimento do segredo medicinal das plantas, a garrafada que é remédio e vem junto com reza. Dona Albertina, quilombola do Campinho, é uma farmacêutica natural, uma sábia de sua comunidade. Ela sabe que cabelo de milho é usado “para baixar a pressão” e camomila serve para “dores de barriga, cólicas intestinais e inflamação na pele do bebê, além de sedativa e servir contra alergias”. Confrei é “cicatrizante”. Erva de Santa Maria “combate os parasitas do intestino”. Dente-de-leão “é bom diurético e recomendado para quando o peito da mulher fica empedrado na amamentação”. Erva-doce é “contra azia”. Macela “é digestiva”. Sálvia “para gengivites e afta”. Goiaba “para lavagens vaginais e chá para febre e diarreias”. No dia do parto, algodão “para evitar hemorragia, para dar banho na mulher e aumentar o ritmo das contrações”. O parto em casa, humanizado, Cais do Parto, uma rede de parteiras.
As rodas de cura e a dança circular. As Meninas de Sinhá, que um dia resolveram fazer algo mais que ficar em casa reclamando da velhice e se juntaram para cantar músicas de sua infância e juventude. E riem. E a dor vai sumindo.

Uma nova rede, 60 grupos e Pontos. Do Grupo Hospitalar da Conceição e seus dez Pontos de Cultura, em Porto Alegre, às aulas de arte do Olga Kos e suas crianças com síndrome de Down. O tambor da saúde da Tainã e os jovens que orientam adolescentes na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Montamos a rede Cultura e Saúde a partir de um prêmio (R$ 15 mil para cada organização ou Ponto de Cultura). Houve a cerimônia de premiação, um seminário, troca de experiências. Pronto. A rede está montada, uma nova Ação. Agora eles se conhecem, conversam. E passam experiência para os outros.

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