A NEGRITUDE

(Ana Vidal)
*
A negritude em lábios fartos e olhos cor da noite.
E nos olhos um mar de lembranças, de dor, de renascimento.
E nos lábios um som diferente, sílabas, palavras, que expressam uma nova raça.
A negritude em batuques ansiosos, que sussurram, contam, gritam sua história.
E no batuque nascem ritmos de todas as cores.
A negritude em movimentos, ora lentos, ora revoltos.
E nos movimentos, a pulsação marca a cadência que sobe pelos pés, pernas,
explode nos quadris e silencia no coração.
A negritude em sabores indescritíveis e odores embriagantes.
E no sabor sempre uma mistura de terra e fogo, principalmente fogo, de se
queimar a boca, agitar a mente e acalmar o corpo.
O corpo, que exala todos os sabores pelos poros, pela respiração.
A negritude em fé, arrebatadora.
E na fé, a certeza, devoção. O bem e o mal, intimamente ligados, como irmãos.
A negritude em símbolos, em formas decifradoras.
E nos símbolos, uma história, gerações, uma vestimenta, uma arte, expressão.
Uma raça e sua tradução.
A negritude em miscigenação.
E na miscigenação, um povo.
E no povo, uma nação.
E na nação, Brasil.
E no Brasil, a negritude.
*Fonte:
"O africano que existe em nós"(Juliana Vidal) http://www.balaco.net
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